❝...sabe quando a insônia não se contenta em vim me visitar, e ainda traz a saudade junto para batermos um logo papo?
Me lembro de andar nas pelas ruas em dias de chuva, sempre carregava nos bolsos algumas balas doces, aquelas coloridas que deixam a língua colorida e ferem o céu da boca. O dia não era comum, o vento estava um pouco frio e as pessoas se abraçavam, tinha muita gente de mãos dadas, sorrisos leves e palavras silenciosas.
O tom da cidade, era um cinza grafite, mas o céu tinha um tom azul parecido ser pintado a mão. E foi ai que estava você, com seu sorriso sublime, olhando para o azul e suspirando o cheiro que exalava das árvores roxas. Tentei gravar cada detalhe do que via, o cinto cor laranja, seus sapatos baixos vermelhos da cor do batom, mostrando alguns dedos, e seu vestido azul.
Nesse momento, a saudade me me pediu licença, e caminhou lentamente no sentido contrário a você. Eu apertei bem forte as mãos e desejei que esse momento não me saísse da memória, queria guardar esses segundos para que existisse um ponto onde eu pudesse voltar e te ver novamente.
Gostaria de voltar todos os dias, às quinze horas, só para te esperar ali novamente.
Te toquei nas mãos e algumas gotas de chuva começaram a dançar valsa com o vento, nos seus óculos, pequenas gotas multiplicavam o meu reflexo, eu me via ali, sempre tão pequeno diante de você. Andamos por algum tempo, eu sempre falando ciosas boabas e às comparando com amor, pois sabíamos o quanto tudo tinha perdido o sentido, estávamos em meio ao tempo onde no amávamos e não nos víamos mais.
Em um momento, chegamos onde o sol estava mais distante e alaranjado, não havia mar, como de costume, mas tinha uma árvore imensa, de tronco largo, prestes a cobrir o sol. E lá estava você, segurando suavemente a minha mão, lambia seus lábios bem devagar, e suspirava como se fosse o perfume mais agradável que já havia sentido. O sol foi se despedindo, seus olhos negros ficavam alaranjados, junto com a sua pele, eu queria toca-los. Sentia dores na garganta, minha pele queimava, as costas doíam, sentia meu corpo involuntariamente se contorcer de frio, minhas mãos suavas, e não conseguia entender o que estava acontecendo. Mas eu só queria estar ali, do seu lado, não me importava com mais nada, o universo poderia continuar me punindo, mas até se fosse meu último suspiro, era exatamente ali onde eu queria estar.
Conseguir ficar frente a frente com você, o dia escureceu, o cheiro de algas tomava todo o lugar, as ondas frias do mar lançava pequenas gotas de sal molhado e as ondas faziam um som como se fosse a mais afinada orquestra, indiferente a cada segundo, mas singular em seu momento. Nessa hora, não havia desespero, não precisávamos voltar para casa, não tínhamos esquecido nada além de nós mesmos.
Nosso beijo não tinha lágrimas, mas molhava e unificava nossas almas, estávamos pecando, mas me uma maneira que até os anjos nos perdoariam. Não havia palavras além do mundo que estava se criando ali, eramos dois nos tornando um.
Sei que a cada segundo, tudo que havíamos prometido, não tinha mais significado, não dava para saber se era o presentem futuro ou passado, mas não importava, poderia ser o primeiro ou último, ou o que quisesse que fosse, mas era único e perfeito, era um aglomerado de tragédias, trazia forças a quem estava se cansando de tentar, dava ânimo para aquele que mal tinha começado. Estávamos ali e podíamos ser tudo o que quiséssemos ser.
Mas, o tempo tinha chegado ao fim, eu toquei suavemente em seus lábios, toquei em seu ombro, te olhei nos olhos e perguntei se realmente precisávamos ir, você respondeu calmamente que sim.
Foi quando a insônia me acordou, tocou levemente na minha testa, e falou que precisávamos conversar, que eu precisava só beber um pouco de água, pois a saudade estava chegando.
Minha garganta estava seca, parecia que havia dias em que não tocava em nada molhado. A saudade mal me esperou terminar e já me disse impiedosamente: Se continuar assim, um dia vou te deixar para sempre. Não tive reação, a não ser um pequeno sorriso no canto da boca.
Eu também não imaginava em te encontrar ali, foi um acaso, o acaso mais perfeito que Deus pode ter me deixado sentir, uma sensação única imaginar como te imaginei. Mas eu sei também que tudo isso só está em mim.
Acho que vivemos em busca de tantas explicações, mas nenhuma delas dá uma dimensão tão grande quando de possibilidades, entre erros e acertos. O tempo errou, a noite na praia também errou, todos os dias de sol com seus fins de tarde também estão errados, pois nenhum deles, nenhum traz a certeza que temos quando eu e você estamos juntos...❞


- marcosask -


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