❝...dia comum como todos os dias comuns
silêncio nas 3:35 da madrugada
mesa de vidro fria rodeada de sombras
luzes brancas vindas da lua
que tenta iluminar ao máximo que pode
o abismo que existe em meus olhos

de pé, não sei que direção tomar
apenas digito como se fosse a única maneira de me esconder
buscando rostos onde não há mais fotos
imaginando "parque" pensando sobre o "tempo"
mas tudo é vazio demais
meu corpo pálido, vazio
poderia gritar
mas sempre foi melhor me manter em silêncio

busco um nome na foto que está em branco
penso sobre tudo até esse exato momento
te busco, sim, como sempre fiz
sedento
uma fúria entre as palavras que saem
e as águas que escorrem
descontroladamente
mas devo me manter intacto
silenciado num grito imaginário
pés descalços no chão frio
sinto sede ao ponto do ar cortar a garganta
boca fechada e rígida como pedra
dentes cerrados
mãos suadas

ainda não entendo o porque das lágrimas

sou triste, fato
um escritor de palavras mal escritas
cada vez mais vazias, pobres e nulas
na busca incansável de um perdão por ter pecados
te violentei, talvez
não com o sentido atual da palavra
sim por orquestrar palavras
estridentes como quem canta fora do tom
embelezando letras, sintonizando uma única poesia
você
a transformação do que um dia foi dor
hoje a esperança de encontrar o sorriso
num corpo
de páginas brancas ao vento
sopro um suspiro
para acalmar as mãos
que ferem uma a outra
cicatriz em cinza

...


palavras frias até o fim da página
o novo dia nasce
4:53
da noite que me trouxe o abismo
e sombras me envolveram com calafrios
medo ainda sinto
mas agora começa uma calmaria
pulsos diminuem e o sono vem
o acúmulo de pensamentos fluem com o anestesiar da mente
corpo frágil não suporta ficar de pé
um dia se foi e outro nasce
mas a vida está de mãos dadas com a morte
como o seu silêncio e meu grito

queria

queria te falar muito mais que isso
mas nunca sei como te trazer novas palavras
onde buscar o que não posso mais dizer
uma busca num buraco vazio
onde apenas respiro seu cheiro

corpo único
abismo teu
lábios guardados que ainda teimam em te chamar
mesmo com o nome em branco
parque, tempo, outro
tudo sempre foi teu...❞



- marcosask -



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