❝...hoje é mais uma madrugada que passo observando as palavras do passado que sou julgado por lembrar, na verdade, tento encontrar algum sentido que passou despercebido, não estou falando de nada novo, apenas tento encontrar erros pra não mais errar. Sei que me perco entre a noção de caracteres e lógicas de programação e as cores que compõem as simples fotografias das redes sociais. É assim que o dia passa despercebido aos meus olhos, já acostumado com a passagem de tempo deixando a cabeça confortável em não pensar. De algum modo, sento durante a madrugada no sofá e faço uma retrospectiva das ultimas 15 horas, tentando trazer a cabeça de volta ao planeta, já que a madrugada tem cheiro de devaneio nas lembranças que não sou permitido em ter.
Falam que é necessário ter amor próprio enquanto me recordo de alguém dizer que é melhor comprar uma bicicleta, fazer cirurgia plástica e ter um lugar na realidade plastificada desse nosso mundo vivido em telas. Sei que não se reconhece mais em minhas fotos, mas são tudo o que amo, desde o sorriso sem graça ao cabelo assanhado. Ali é tudo melhor de mim, por mais que fale o contrário, me recuso em apagar ou esquecer antes da velhice chegar.
Minha vida existe dois momentos, o primeiro é composto de tudo o que me tornei para chegar até você, mas o segundo é onde estou vivendo, pequenos momentos gravados na memória, piercing numa caixinha, promessa da tatuagem e as lágrimas guardadas num vidrinho fechado, fazendo uma construção de tudo que é relevante para construir alguém aceitável para você.
Com isso fico perdido em minhas próprias palavras, pois queria ter a capacidade de mudar, igual como corto o cabelo e mudo de cor, aceitando todo o constante processo de envelhecimento, aceitando a falta do amor pois hoje ele tirou férias permanentes e não volta mais.
É assim que me encontro, cansado demais para continuar vivendo um amor ausente, comparando fotos com o espelho, como se seus olhos castanhos pudessem explicar uma mancha que nunca sumiu, cravando no meu peito a culpa do mundo ter escapado entre os meus dedos. A culpa é fácil de ser reconhecida, mas assumir que sou o causador de tudo isso não é tão simples, meu "papel de vilão" me fez perceber que estou numa prisão com o cadeado enferrujado, sem a possibilidade de abrir, enxergando o sol do dia em preto e branco, vivendo do medo que me agarra e faz gritar sem voz, sem forças para aceitar mais uma derrota.
Isso que é o amor? A mancha não é mais tão evidente, vejo no espelho como ela queima e faz a testa arder, como se as linhas da pele escorressem Sal junto ao suor construindo um ciclo entre o estar bem e viver mais uma dor como ontem.
Mas tudo bem, dessa vez estou de mãos atadas e não posso concertar nada, é assim que me disperso lembrando do dia em que encontrei um pedaço de mundo perfeito num universo tão grande e mesquinho, bobagem poética talvez, mas acredito de maneira firme que isso faz parte do papel mais bonito, do personagem mais apaixonado que um dia contou uma história de dor, mas que na verdade, todas as palavas só falavam de amor...❞


- marcosask -

 

 

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