❝...foi bem assim, começou como uma pequena brisa, leve e parceira. Não levou muito tempo para a tempestade vim e quase me arrancar os cabelos, pois no chão, eu nem mais tocava. Ouço falar de ventanias e chuvas assim, mas nunca tinha passado por uma tão intensa, tão agressiva. Tinha medo de sair e enfrentar de perto o que estava trazendo todo aquele frio, mas pouco a pouco foi se resumindo em pequenas gotas. Foi meio que passageiro o susto. A agonia me pegou pelo braço e me jogou em queda livre, não conseguia enxergar nem onde pisava, mas de repente, meu pés tocam o chão, estendo a mão e sinto suaves gotas frias. Olhei para cima, já não fazia tanto terror, não tinha mais tanto medo. Acho que tudo dependia da dimensão que agente dá as coisas chamadas de tão importantes. Quando o vento está muito forte e a intensa chuva está vindo, acho que não é preciso puxar o primeiro edredom que minha mão alcança e esconder para mostrar ao mundo algo diferente do que realmente esta acontecendo. 
Sempre aconselho ir em frente e olhar para os lados, aproveitar o fluxo, deixe o impulso do susto te pegar e jogue, de verdade, jogue todos os sentimentos de medo para o vento levar, mesmo que te leve junto, mas o vento não dura para sempre. A intensa chuva vai vim também, deixe lavar tudo que ainda resta, se encharque, as lágrimas vão se misturar com a chuva, vai evaporar como tudo que é passageiro. Definitivamente tudo começa e termina para dar lugar ao novo, tudo sempre foi assim e é exatamente como deve ser.

Acene se quiser, ou melhor, dê um grande aceno com as duas mãos, estampe o sorriso e lembre que isso hoje não te serve mais. Aquele teto já tinha dado o que tinha que dar, não conseguiu segurar toda a intensidade que o céu te trouxe, esteve ali tanto tempo, foi concertado diversas vezes, o ultimo concerto custou caro, olha hoje o resultado, certas coisas não conseguem ser reparadas, elas são como são, nem sempre que uma mudança supera as expectativas, pelo contrário, tudo um dia se degrada, por mais que o tempo passe, é a lei natural das coisas, se ainda não foi devidamente apresentada, bem vinda a vida. 
Mas agora, já está na hora de morar debaixo das estrelas que tanto te iluminaram mas o teto apagava, deixe o vento te guiar, sinta as roupas balançarem, as flores serem levadas ao vento, derrube as paredes que ainda restam em pé, olha o horizonte, o quanto imenso são os cinco horizontes. Até uma dita "tarja preta" pode sentir paz interior, se acalmar e simplesmente respire ao invés de suspirar as dores. Deixa que o caos aconteça em pequenos copos d'água e engula todos eles para somente se hidratar, que não seja mais o que te embriaga.

Sabe, não consigo contar precisamente, mas vivi tanto tempo com a respiração presa, deixando só sair o que não conseguia mais suportar, mas aprendi da pior maneira que é necessário abrir a válvula e deixar escapar, esvaziar o peito as vezes é bom, não nos taxa como fraco ou bobo, mas como alguém que quer viver bem, simplesmente isso. Que mal isso poderia fazer? Será que vale a pena passar a vida com o coração tão acelerado pelos motivos que nem sempre devem ser tratados assim? Acelera quando falamos algo, quando estamos em pausa, quando ninguém ouve, quando não se fala, quando não entendem o que diz. De que vale a pena tapar o grito quando ele deveria sair em alto e bom som?
Para que serve esse esforço, para que tudo isso se todos vamos para o mesmo lugar, se no final, as mãos sempre se encontram e disso não há dúvidas. Sei que deve ser tipo uma rotina acalmar tudo com doses cada vez maiores, mas quem sabe podemos fazer de uma maneira diferente. Não vende em farmácias o abraço apertado, e se vendesse, para esse não haveria uma bula e pode ser usado todo o tempo, a única recomendação seria que o abraço deveria ser "o abraço".
Fiz uma coisa e recomendo sempre dar um tempo, tome o tempo, até culpe essa droga de tempo, sinta esse tempo, por último e mais importante, recupere o tempo que foi necessário perder. Tudo passa, definitivamente tudo, mas parar e até voltar é uma solução quando as coisas não são como o esperado. As feridas se curam, mas certas marcas serão eternas.
Não deixe o medo da vida te esconder atrás de tantos cadeados, sei que deve ter inúmeras chaves, mas se continuar assim, chega o momento em que não se sabe mais o que se busca, qual cadeado deve abrir e o que quer se desprender. 
Vou te confessar um medo meu, corri tanto da solidão, li sobre, procurei filosofias e psicologias que explicassem o que é, mas quando me dei conta, estava de mão dadas com ela mesmo que o mundo me rodeasse de atenção. Assim parei de procurar no mundo, deixei de correr e dei passos calmos, abri a cortina, vi a chuva passar, respirei os pingos, te vi e sorri. Sabe, funciona. Digamos que dia sim, dia não, mas os dias "não" passam e são esquecidos, o dia "sim" também passa mas é guardo para ser a mais nova e boa lembrança. 
Hoje, exatamente hoje a chuva é a sua fase, a ventania passou, curta esse tempo olhando cuidadosamente para tudo que te rodeia, espero que o telhado suporte, se é isso que realmente quer, e escolha certo ou errado, mas escolha. 
Queria finalizar falando mais sobre mim, mas as palavras doeram e apaguei, vou fazer melhor, te deixar na dúvida, afinal, por mais que seja eu o incerto, saiba que o incerto também tem o seu encanto....❞





- marcosask -

uma música que lembrei e significa muito do que queria dizer,
talvez só ela descarte todas as minhas palavras.

- creed: rain -






Comentários

  1. Caro marcosask, ando ansiosa por novos textos, o que está acontecendo com minha página diárias de loucas ideias? mil beijos

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