❝...sei que sabem tão pouco de mim. Sim, escrevo as vezes, na verdade, quase na mesma frequência que respiro. As vezes ando bem devagar, mas a pressa é mais divertida. Tenho um probleminha na sobrancelha, observe direitinho. Durante o meu dia, fico com o olhar meio vago quando penso em tudo que me aflige. Sou velho, mas isso todos já sabem. Leio em voz baixa mesmo quando devia falar mais alto. Gosto de ouvir histórias além das minhas, me me concentro rápido para que as palavras não sumam. Não é sempre que o meu coração está aberto. Acho que é a falha da minha vida, abro, alguém entra e não deixa mais ninguém entrar. Só uma pessoa tem a chave certa. Durmo pouco e tenho muita dificuldade para falar de mim. Gosto de maquiar minhas histórias como se fossem sonhos. Tudo é mania, e só velhos tem manias. Não consigo terminar o que começo, sempre tenho vontade de estudar algo novo. Mas agora, na metade da minha vida útil, preciso me aceitar, aceitar o pouco. Sempre foi pouco. O que sinto não fica trancado por muito tempo, sempre explodo e converso com o alguém. Não há segredos ruins, passou. Vivo tentando me esconder de mim, e me assusto sempre que me encontro. Garanto que por mais frio que pareça, tenho um coração. Amo a minha capacidade de esquecer. Amo a capacidade de dar atenção ao que ninguém dá. Eu amo quem confessou para mim coisas que não se confessa com mais ninguém. Amo por me amar o pouco que deixei me conhecer...❞




- marcosask -



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