❝...tá punk, muito. Percebi, mesmo quando tiro umas horas, dias e meses para construir um muro bem forte e manter meus sentimentos seguros, nunca dá certo, uma hora ele mesmo explode, sai e destrói qualquer barreira. Ela aparece, me olha e faz tudo voltar. Sei das decepções, lembranças ruins, despedidas e cicatrizes que deveriam estar fechadas. É como se num passe de mágica, após tanto tempo sem um mínimo contato, tudo voltasse muito mais confuso que antes. Sempre volta, sempre o chão deixa de existir e os sonhos loucos voltam a ter sentido. Única, exceção. 
A volta, parece que é meio que num momento ruim, ficou parecendo que somos inimigos, distantes, mas tem algo especial, tem que existir. Olhe para o meu muro, está em farelos no chão, são restos de rebocos, o vento leva tão fácil os meus riscos. Está tudo em ruínas, como meus sentimentos hoje são. Não é amor, nem meu coração, não sei o que é, mas dói e sei que é somente o início da dor. O amor é falho, não há regras exatas, sei que não devo procurar um jeito constante de ver as coisas, nunca foi assim e nunca será, não sou assim e mesmo com o passar do tempo, não devo ser. Vou errar, todos os dias se possível. 
Entenda, é sério, não quero te entender, nem ter uma forma fácil de resolver parcialmente seus problemas. Quero ser mais um, segurar na sua mão e te levar ao lugar mais fora de tudo isso, quero viver o que não vivi, quero sentir o que nunca senti, quero olhar para os cinco horizontes, pintar tudo de preto, depois colorir novamente, mostrar ao mundo que minhas cores mudam, que se tiver que pintar novamente, pintarei, sem me envergonhar disso. Não quero uma regra, volto a falar que para o meu amor, não vai ter. As cicatrizes sempre voltarão a sangrar, sei disso, sei que o tal início ruim já aconteceu, mas espero do fim um novo começo. 
Desapego né? Nem sei que significa isso, sou apegado, mas somente ao que me faz bem, sou cuidadoso quando se deve, e não ligo quando não se deve ligar. Sei que deve estar sentindo dor agora, mas é necessária, tudo acontece, são nossas escolhas. Imagino que sinta ódio, são tantas histórias que disse e ouvi, mas todas falam do ódio no amor, e de todas elas, nenhuma me lembro mais. Me recordo somente do milkshake, das pessoas, dos olhares, da família feliz, isso é amor, é isso que vale a pena lembrar.
O que é essencial? Alguém com um rosto lindo e invejável, por onde passa arranca olhares. Será que essa é a face da falta do amor? Quando pega na mão, sente o que devia sentir? Existe um momento de paz ou são dois inimigos duelando para saber quem é mais forte? De que vale a pena ser isso? A nossa vida, por mais que ache não ter mais, não acabou. Dói falar, dói saber, minha dor é tão certa quanto esse chão frio que agora piso. Eu vou viver todos os anos sem entender essa dor, por mais que construa ou desconstrua histórias, que novos apareçam no caminho, mesmo que não seja esse o meu lugar, estou tentando viver sem ser quem sou, pois o que é seu, ainda esta inalterado, esperando, como *as pedras, que choram sozinhas, no lugar...❞


- marcosask -


*
- raul seixas: medo da chuva -

É pena que você pense que eu sou seu escravo
Dizendo que eu sou seu marido e não posso partir
Como as pedras imóveis na praia eu fico ao seu lado, sem saber
Dos amores que a vida me trouxe e eu não pude viver

Eu não posso entender tanta gente aceitando a mentira
De que os sonhos desfazem aquilo que o padre falou
Porque quando eu jurei meu amor, eu traí a mim mesmo, hoje eu sei
Que ninguém nesse mundo é feliz tendo amado uma vez, uma vez

Eu perdi o meu medo, o meu medo, o meu medo da chuva
Pois a chuva voltando pra terra, traz coisas do ar
Aprendi o segredo, o segredo, o segredo da vida
Vendo as pedras que choram sozinhas no mesmo lugar



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