Capítulo um - Primeiro despertar


Acredito que quando me vêem e acham que sou uma pessoa banhada na negatividade e comodismo, como se estivesse vendo a vida sair dos trilhos e apenas esperando a catástrofe chegar ao fim. Por mais que pareça, não sigo um manual detalhando de como fazer para tudo dar errado, também não há nada que deva ser levado em consideração, o que existe aqui tem um único objetivo, apenas um sentido. Você.
Existe sim um sufoco preso, uma bagunça que vai além dos lençóis da minha cama, é um instante antes de explodir, são aqueles três segundos que esperamos, esperamos... mas o momento nunca chega.
Chega ser interessante viver com essa pressão, trabalhos, estudos, sentimentos que sempre tem motivos para te fazer parar. É constante, e tem piorado cada vez mais. 
Sempre, a primeira coisa que vem na cabeça ao acordar, é se realmente devo sair da cama, pego o relógio e ainda falta mais de uma hora para o primeiro despertar. Vejo meus pés inquietos, as luzes da rua gradativamente diminuem sua luminosidade dando lugar ao sol. Fecho os olhos bem devagar, como se isso fosse adormecer meu corpo e deixasse os órgãos ainda com suas baixas contrações.
Em alguns instantes, acontece o primeiro despertar, corro as mãos levemente, pois o som é tão baixo, que não desperta ninguém além de mim. Abro novamente os olhos e percebo que o tempo passou e não percebi.
Respiro profundo como se qualquer desejos que tenha, pudesse aparecer magicamente nas patas de um pássaro de cor azul, que me mostraria o sol nascer no horizonte como se fosse todas as minhas expectativas se renovando.
Jogo o ar para fora, percebo que mais uma vez estou deitado no sofá da sala, me vêm a lembrança da madrugada, abrir a geladeira, pegar água gelada, abrir um dos meus ansiolíticos e fazer como se isso fosse entorpecer tudo o que passava na cabeça, eu só queria esquecer.
Pouco a pouco o barulho diário começa a tomar conta dessas ruas com asfalto cor negra, vejo pessoas conversando mas não consigo compreender uma palavra sequer. O dia nasceu completamente azul, como se isso faria essa manhã estranha ficar leve, sem corridas para cumprir horário, não existe pressa, hoje não.
Tento levantar, percebo que o chão está bastante empoeirado, minhas pernas doem como se eu estivesse sido pisoteado, uma dormência incomum em meu braço esquerdo. Ando com os pés descalços, existem lençóis branco também empoeirados em todos os móveis da sala, meu quarto está trancado, a geladeira desligada, não há nada dentro dela. Todas as cadeiras estão emborcadas sobre a mesa. As portas estão aparentemente fechadas, volto seguindo meus passos na poeira, no celular mostra 3% de bateria, não sei que senha usar. São 6:30 da manhã, faz um pouco de frio.

Será um sonho?


❝...hoje agarrei a possibilidade de excluir todas as 230 páginas desse livro que um dia pensei em publicar, imaginei titular como Cabal e a Estrela, mas de todos os momentos que passei, esse está demais pra suportar. Talvez não haja um motivo especial, apenas não acho que deva continuar, afinal de contas, estou parado no tempo sem querer aceitar as horas passarem...❞


- marcosask -



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

não importa o tempo

votos