❝...é, acordei mais cedo que o normal. Segundo Tai, conversei algumas bobagens ontem assistindo tv, os remédios começavam a fazer efeito. Repeti algumas orações até o sol aparecer alaranjado, a melhor cor do meu dia. Pedi, com a voz bem baixa, que hoje não houvesse lágrimas. Ontem o dia não foi bom, mas eu tive a certeza que amanhã, o hoje, seria melhor.
Hoje consegui dormir.
Um detalhe interessante, me perguntaram se alguém da minha familia, mesmo que fosse em algum grau distante, teria esse sentimento ruim que estou, e a resposta foi "não". Assim, não herdei nada dos familiares, fui provocado a desenvolver algo incomum às minhas origens.
Passei tempo folheando um velho album de fotos dos meus pais, olhei os sorrisos, como eram os cabelos, roupas, consegui até imaginar o cheiro do lugar. Em uma foto, pai me carregava nos braços, eu tinha um sorriso tranquilo no rosto, olhos desfocados e covinhas na bochecha. Será que alguém daria contas de que, eu seria quem sou hoje, com expressão baixa, cabelos assanhados e olhos avermelhados.
Será que alguém nesse mundo, até mesmo os melhores irmãos, sentiriam algum orgulho de mim?
Quando criança, pensava em ser tanta coisa, mas de todas que imaginei, está completamente distante do que sou hoje, somente meu filho, é algo unicamente meu, mas sei que bateu asas. Sei o quanto parece loucura, mas infelizmente não sou louco e a pior parte, está no peso que minha consciência tem.
Sei que muitas pessoas, pensam que sou hoje, uma bomba ambulante prestes a explodir, que vejo a morte em meus sonhos, mas a realidade, o que mais me angustia, é saber que a minha saudade, não é relevante para ninguém. 
Talvez, seja por isso que, quando tomava café, deveria ser amargo, pois o que me agrada, não é o café em si, mas a sensação de alegria e euforia que a cafeína me causa. Hoje, estou proibido a sentir, mesmo que por um pequeno momento, e isso tem me feito ser alguém pior.
O "eu", que a minha psicóloga tanto fala, é meio distante da compreensão, sou alguém que guardaria uma velha e mucha flor por toda uma vida, apenas para me lembrar do cheiro que, algum momento, me fez sentir algo bom, ou não.
Sou assim, minha felicidade só está completa, quando tem algo triste vivendo em paralelo, balanceando sal e doce, no que estou vivendo sem querer viver.
É bem assim, nesse exato momento, sinto febre, suor nas costas e mãos, uma bagunça entre as informações que o corpo recebe, e o cérebro devia passar.
Em meio a tudo isso, sinto uma vontade descontrolada de sair, correr de um lado para o outro, na tentativa de cansar o meu corpo, de tentar qualquer coisa que não seja, exatamente, o que tenho pensado em fazer. Quando conto para alguém, me sinto horrivel, minha voz parece ser chorosa, assim é a depressão, ela sempre vai me fazer questionar minhas próprias expectativas...❞


- marcosask -


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