❝...as vezes, a vida parece ser um pouco mais difícil do que é, que andar por tantos caminhos, distantes ou não, sempre são desgastantes demais para os meus pés. Sinto o corpo fraco a cada dia que passa, cansei das batalhas diárias, não quero mais conflitar com o que existe entre o céu e a terra, com a chuva e o sol, com o laranja e azul, com eu e você. Nos momentos que estamos mais acoados, sei que as forças aparecem, que temos energia e vontade de seguir em frentes, pois para trás, não há mais como voltar. Mas é difícil ter na consciência, a ideia que sou alguém inconsequente, que não merece o mínimo de consideração, alguém que só olha para si e só sabe viver no meu único mundo sozinho. Não sou confiável e não mereço ser, não amo e não sei amar, para mim, tudo se trata de um verbo, uma palavra que pode ser apenas conjugada. Ainda estou de pé, somente porque o coração não pode parar de bater, sou apenas um objeto, como um mecanismo vivo, humano, mas sem sentimento. Não preciso de mais nada, não há sonho com o destino, com o motivo do que devo fazer para chegar, ou quando devo sair, sei que estou porta a fora, sou aquele que pede o resto que sobra do seu olhar. Estou hoje, catando o que me é devolvido como lixo, por mais que não seja, é o que sinto. 
Sinto que não mereço mais viver, que me manter aqui não é algo bom a se fazer.
Os dias correm lentamente, ainda lembro da hora do sorriso, da oração, de quando deve acordar e a hora de ser feliz, mas tudo isso é algo permanente, é um modo automático de viver. Não há mais sonhos complicados, vontades e desejos em uma caixinha fechada e guardada onde não deve mais abrir. Tudo esta espalhado no chão, não tenho mais controle do que devo sentir, ou por quem sentir. Eu simplesmente, não sei mais brincar. Os dias são apenas números, que passam e se repetem o tempo todo, meus olhos não conseguem acompanhar, estão vidrados na lembrança que se perdeu, entre o início da tarde, e todo o entardece dos dias que foram nossos. Está difícil viver em meio a pessoas tão cheias de vida e planos, só tenho em mim, o vazio, solitário vazio. Não tenho nada a acrescentar em ninguém, e ninguém me acrescenta mais nada. Os dias de sol são cinza, os de chuva, são mais cinza. Não vejo mais o pôr do sol ou o nascer da lua, não quero ver a chuva, nem ver o céu de estrelas sem a estrela, não quero mais ter a consciência que o interminável precisou acabar, que os sonhos não são mais os mesmos, que nada mais precisa ser concertado ou quebrado, que a realidade que vivo, é só esperando a nova queda. Foi um sonho sem limites, a queda está sendo livre.
A queda te machucou, sei disso, mas me machuca desde o dia da certeza que te amo, desde quando fechei os olhos e sonhei alto como casas, conta bancária, com o cuidado ao escolher o sabonete que não utiliza animais. Foi a mais feliz infelicidade, eu tinha você quando nunca te tive, eu sou seu mesmo sabendo que não me quer.
Mas hoje, depois do dia vinte e cinco, aprendi que sonhos não levam a nada, a única certeza são os meu pés no chão, que não adianta suplicar ao mundo um desejo, é necessário buscar, segurar na mão e levar embora. Que quando houver obstáculos, é necessário avaliar cada detalhe, pois a cada passo em falso, a queda toma dimensões que não dá para prever. Não posso me esquecer que não sei levantar, que cada obstáculo que derrubei, criou um novo mais forte, que a vida fez o seu papel, que devo pagar por ter te tirado do seu mundo, o céu, a lua e o mar, que hoje, tudo que sei, são os limites que não devo ultrapassar...❞




- marcosask -




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