amor


sim, eu sei que você sabia que eu viria.

mas, gostaria de te recordar de uma história.

existe um pássaro, de cor azul, ele ainda voa por ai, mas está aprisionado em seus próprios medos. a noite, enquanto ele devia dormir, vagava entre os sonhos solitários, via pores e nascer do sol, tinha medo de seus possíveis predadores, mas mesmo assim corria o risco.
uma certa noite quase dia, viu o sorriso de uma coruja, animal noturno que pairava na escuridão, seus olhos eram condicionados a viver entre os tons acinzentados das noites, mas ele lhe pediu que mudasse a cor da tua face. naquele momento, nenhum dos dois estavam consciente do que estavam se metendo, mas ele viu nela sua própria solidão, pois as noites sempre são solitárias e nada lhe fazia mal em sua vida.
dizem que em uma certa noite, após os troca de olhares, a coruja sentiu-se aquecida por algo que não conseguia explicar, talvez algo verdadeiro tivesse estar acontecendo... então ela decidiu abrir suas asas e enfrentar o nascer do sol.
foi quando o pássaro azul a viu, e pela primeira vez enxergou algo que nunca tinha visto, foi tão devastador que o mundo se fechou em questão de segundos. 
- como poderia o frio noturno pairar entre o céu azul? disse ele sem compreender.
ele a seguiu por onde fosse, buscava gravar cada detalhe, sorriso, canto de boca, vigiando de longe o mundo que sempre sonhou ter de perto, desejando um abraço nos braços que não poderia tocar.
sim, o pássaro interrompeu a rotina da coruja, que por sua vez foi passou a voar durante o dia e viver cansada durante a noite, mas o pássaro descobriu o motivo pelo qual sua vida era pautada dos dias em claro, noite após noite esperando por algo que não havia explicação.
ele era corajoso, a pesar da sua fragilidade. aceitou todas as condições impostas e viveu seu momento de maior turbulência.
ele acredita no amor, mas não soube como lidar em amar independente das condições.
foram anos maravilhoso, confesso.
mas, em um certo momento seu corpo não aguentou mais, sua natureza apenas tinha o feito viver até aquele momento, ele ficou perdido entre o céu e a coruja, dia e noite, sonhos e realidade. 
sim, ele caiu em uma queda livre nas pagando pelas suas próprias escolhas, estava desesperado e preferiu aceitar o "não", dito por diversas vezes maquiado com palavras desconhecidas.
é, ele voou sim tentando repousar no manto da madrugada.
a coruja o deixou ir, e isso não foi dito em momento algum, o pássaro não conhecia o amor, a coruja também não, assim foi desesperador para os dois que viviam em mundos paralelos desejando um ao outro sem poder se tocar.
ele até hoje não aceitou o adeus, dizem que ele vive em liberdade, mas na verdade ainda está preso em seu próprio peito, olhando para o céu noite após noite aguardando ansiosamente ver seus olhos mais uma vez.
ele ainda ouve "o som do silêncio" vivendo dia após dia perturbado sem saber o que fazer dos seus medos.
se isso é liberdade, ele compreende hoje como a vida não faz mais o mínimo sentido.



- pássaro azul -


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