❝...queria que alguém soubesse como foi o meu dia, gostaria de falar, sinto falta do momento em que podia confiar em mim mesmo e deixar alguém saber. Mas acho que perdi o caminho.
Faz um tempo já, instalei um daqueles aplicativos para conhecer pessoas, ter relacionamentos e tal. Não acho que seja algo ruim, mas acredito que as pessoas desse mundo, devem usar com o seu devido propósito. Encontrei uma pessoa, nome: Beatriz, 20 anos e bonita em vários detalhes, me chamou atenção por ter um nível de loucura aceitável. Comecei falando de algo não tão agradável,  a morte foi o nosso primeiro contato, me deixei levar pelo que sinto agora, fui meio rude com as palavas, mas ela apenas respondeu que não queria falar sobre. Percebendo a bobagem que fiz, perguntei como foi o seu dia, ela respondeu de forma comum, como sempre respondemos a essa boba pergunta, mas eu retruquei e reformulei, perguntei se tinha como me falar por cores, ela disse que seria azul e rosa, onde o rosa retrataria algo calmo e neutro, o azul é simplesmente feliz. 
O rosa sempre tão considerado feminino e extravagante, me chamou atenção por ser neutro, enquanto aqui tudo estoura, no mundo alguém considera rosa a cor tranquila.
Ela agora me pergunta sobre o meu dia, pedi que falasse agora sobre o gosto, que falaria de mim em seguida, ela disse que seria um caldo de cana e acerola. Algo verde e doce, azedo e vermelho. Então o dia foi assim, rico em momentos leves e alegres, cheio de afazeres e enérgico nos pontos necessários, como tudo no mundo, foi necessário engolir algumas desavenças que foram devidamente colocadas ali para provar que nem tudo de ruim vêm para ser ruim. Não há como saber se algo é doce quando não se conhece o gosto azedo.
Lhe pedi quinze minutos.
Meu dia começou zero hora de hoje, assim considero o meu dia escuro, digamos que um cinza grafite, rabiscado e cheio de um vazio que o cobertor não conseguiu me proteger. Senti frio no escuro. Foi quando as coisas ficaram claras, que realmente preciso, mesmo não sabendo o que é, mas preciso. Hoje a luz se foi, não falei sobre a minha cabeça, peço desculpas, minha fé está perdida junto com o resto da alma. Falta lágrimas nos meus olhos, falta sentido na minha voz, hoje não dei atenção, não preciso de atenção, não preciso de nada além de um tempo comigo mesmo. É uma necessidade infantil que tenho ao achar que falar sobre resolve o problema, estou me trancando, estou pedindo um s.o.s, mas as estrelas não me enxergam mais, me dei conta disso e tento dar as costas. 
Ainda, antes do sol virar sol, olhei para fora, peguei no celular cada palavra minha tão sua, ah quanto dói, senti gosto de sangue e meus lábios feridos. O tal laranja não é mais meu, não sinto mais o gosto da chuva da manhã, apenas frio e vazio. A criatividade deixou de ser necessária, as minhas palavras não tem poesia, somente dor, e a dor só leva a morte. Não quero o que quero, esta sendo mais uma vez ruim, estou conscientemente ciente do que estou prestes a fazer, mas isso, deixa para um outro momento.
Ainda sobre o meu dia, tentei me manter o mais distante possível, tentei mesmo encontrar um pequeno gesto, pedi aos céus que não devo mais olhar. Ainda estou esperando, são vinte e três horas e nada acontece, afinal de contas, o pedido é só mais uma necessidade desnecessária. Não tem mais como acreditar, meus pés estão no chão e os fatos são esses. 
O dia está cinza e se manterá assim, o gosto é com sangue, devo pagar cada gota. Não haverá mais lágimas nessa noite, sei que a estrela se apagou. Sempre sonhei com um jardim, mas tenho uma péssima maneira de ser o pior jardineiro que pode imaginar. 
Queria parar, afinal de contas esse foi o meu dia, procurar em meio há tantas mentiras, alguém para me falar a verdade, enxergar meus motivos tão inexistentes. A história foi tão real, que esqueci de ser homem e me transformei num garoto bobo e inconsequente. Tudo foi levado pela mais mágica euforia, devia ser a mais linda história. Sinto dizer, mais sinto apenas culpa pelas lágimas, não as minhas, mas suas. Eu queria um café.
Confesso que gostar de você, para mim, é ter uma necessidade de estar perto, independente da condição. Não diria que é essencial para sobreviver, mas é como se fosse o meu oxigênio, e sei bem o que vai acontecer daqui há um tempo. Sinto necessidade hoje, como foi ontem e há um ano atrás. Saiba que te respeitei, as palavras não tinham essa intenção, mas saíram assim. Eu estou magoado, me perdoa. Não sei o que sentir mais, nunca será ódio, mas a mágoa está me matando aos poucos e assim estou te perdendo. Queria ser um pouco mais, queria saber um pouco mais, quem sabe assim tudo poderia ser diferente. 
Viver tão pouco tempo com você, minha princesa, me fez sonhar em ter asas...❞



- marcosask -


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