❝...me pego novamente pensando, o que fiz para me sentir tão triste esses dias, são ainda os pecados em aberto esgotando qualquer tentativa de ficar bem? Novamente repito a mim mesmo que o dia de sol está em cor cinza e eu devo aceitar sorrindo. Será que você merece mesmo esses textos que muitos chamam de poesia?
Vejo todos voltarem ao seu lugar e seguem cada um o seu fluxo, os tons se misturam formando cores, mas nenhuma delas são novas, continuam iguais aos olhos cintilando uma possível queda de lágrimas, como se isso tivesse algum significado.
Eu deveria aceitar o quanto sou estranho, evitando assim me cruzar com qualquer pessoa no mundo, não estou sendo infantil, ao menos dessa vez não, mesmo sentindo um medo absurdo que justifique qualquer sensação de um amor adolescente, inconsequente e sem limites, devo entender que não sou mais jovem há tantos e tantos anos, não aceito mais a inocência que por muitas das vezes me engana e faz seguir uma direção oposta, nem me entrego pois “não existe mais esperança”, me resta somente rimar frases com a sua voz que muitas vezes ouço como melodia, talvez seja apenas mais uma mentira muito bem contada sobre a simetria que existe no quadro com uma foto tua presa em meus pensamentos, fazendo toda criatividade deixar de existir bloqueado qualquer possibilidade de seguir escrevendo.
Falar de amor hoje, é cansativo demais, depois de tantos momentos com muito mais intensidade, de tudo já passado, viver nesse mundo é somente contar os dias no calendário e a cada segunda desejar que as horas cheguem logo ao próximo final de semana. Assim não preciso prestar atenção na música que agrada meus ouvidos, nos tons dos seus cabelos ou nos detalhes de maquiagem que rodeiam os olhos que faço morada mesmo sabendo o quanto já fui expulso dali. Castanhos são minhas cores, a prata agora mudou para o dourado, por mais que o tom nunca tivesse a mínima importância, a verdade é que o meu interesse acabou de acabar, com mais essa dor, o mundo volta a ser preto e branco. A corrida para escrever personagens e colocar um pequeno detalhe teu em cada um deles, afim de te descrever em tudo, no final das contas, só serve para imortalizar suas marcas em meu corpo deixando o seu livre para toda a vida.
Não sei o quanto tudo é justo, mas aqui nunca é, assim me vejo novamente num início, uma página em branco em minhas histórias que nunca vão ter um fim escrito como deveria ser.
Todos que amam tem olhos bonitos, músicas e vozes que ecoam por toda alma trazendo para realidade, O sonho que existe oculto nos meus únicos minutos de sonolência. A realidade está em todos que vão embora, tudo que possuo são apenas ilusões de uma trajetória longa demais para ler, hoje rasgo todos os manuscritos afim de apagar qualquer possibilidade de recuperação, esse amor expansivo demais deve parar.
Tenho guardado tantos dias ruins para as páginas, assim os textos clichês ficam aglomerados e presos nas espirais, guardei ali pois a sensação de segurança e a possibilidade de se perder acaba sendo maior, não deveria ser para sempre.
Aceito que suas cores não são para mim, assim a decepção criou uma certeza dura de aceitar, tudo vai acabar espalhado em algum lugar distante demais para alcançar, meu mundo deixa de ser um monólogo chato e passa a ser comum, talvez assim o sol brilhe e alimente as flores que esperam florescer, perdi o dom, agora o brilho dos meus olhos não emanam mais a esperança que faziam o mundo continuar.

Vamos encarar tudo isso como um triste fim...❞


- marcosask -


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