último quarto


❝...alguns detalhes básicos sobre mim:

- queria ser engraçado, falar bobagens e sempre esbanjar sorrisos por ai. Dizem que pessoas assim, cativam mais, e são mais fáceis de gostar.
- queria poder falar de maneira clara, quando o assunto sou eu, como estou me sentindo de algum ou outro jeito, queria falar meus medos, minhas dúvidas, minha carência e minha dor.
- queria poder admitir o quanto sou vulnerável, fraco e nem noção da culpa que tenho, mas acho que você não precisa saber mais disso.
- queria ser um dia, alguém melhor para você, possivelmente para mim também, e para quem mais eu puder. Mas, minha estrada, com curvas sempre tão sinuosas, cheias de constantes perigos e tempestades, faz com que tudo, aos meus olhos, sejam doloridos, frios e cinza.

Quando escrevo, sempre falo demais, sempre deixo passar algo que devia estar guardado, queria ter a mania de quebrar um vidro, jogar algo no chão e respirar profundamente a dor que sinto, tirando toda essa energia ruim que me cerca. Eu não queria enlouquecer, não quero te enlouquecer também, mas tento explicar, e não consigo te fazer entender.
Queria entender de maneira mais clara como sou, o que faço de fato, e como isso te machuca tanto. Seria engrandecedor ver meus passos, trilhados um após o outro, onde eu identifique meus erros e aprenda como se faz para não mais errar.
Mas volto a te dizer que não tenho valor algum, talvez eu seja alguém que se ver em dias alternados, talvez apenas no final de semana ou feriado prolongado. Não estou te ditando uma regra, não é isso, só estou buscando uma possível solução para que as coisas melhorem.
Penso sempre como seria bom ouvir todos os dias, bem baixinho there's too much love, de belle and sebastian, e sentir novamente, que tudo isso foi um momento ruim e que ainda há muito o que viver, e ter a certeza que não preciso mais ter medo de você.
Não queria dar atenção aos livros sujos, velhos e empoeirados, já que todos recusam tocar, queria mesmo ler os últimos lançamentos banais e achar que é o melhor que o mundo tem a me oferecer. Eu queria, muito, aceitar as condições. Mas não consigo ficar bem sentindo o que sinto, vivendo o que estou vivendo, sendo quem sou.
Eu apenas admiro as arquiteturas, sigo as luzes, não gosto do café doce, tenho um sorriso envergonhado, quase sempre carrego lágrimas nos olhos e em minhas orações, peço a Deus que todos no mundo, tenha a oportunidade de ser feliz, mesmo que para isso, minha ausência seja necessária.
Em minhas corridas, sempre perdi, não tenho aquela coisa do vencedor dos obstáculos, quem superou as quedas e seguiu em frente. O engraçado, é que sei o quanto posso ser, mas tem momentos, como esse agora, onde o chão frio, costas doendo e essa tremedeira nas mãos, me fazem temer o silêncio, e de tudo o que sinto, o medo, volta forte e profundo.
A menina do lençol, o menino do quarto claro, a porta que se fecha. Não tenho um pavor, mas medo do que acontece quando algo errado está por vim. Queria poder dormir e acordar num dia de sol, onde o reflexo que eu ver no espelho, seja exatamente a pessoa que existe em seus olhos, sua melhor expectativa. 
Mas meu espelho, não mostra assim. Me sinto, parte de meus sonhos ruins, desfocado e sem rosto, cinza com tons avermelhados.
Eu queria te falar tanta coisa, ao invés de te fazer perder tanto tempo aqui, entre essas linhas, minha confusão, triste e sem cor, existe alguém, que gostaria de te falar tudo isso, sem escrever o que se passa, mas entre essas linhas, tão má escritas, existe o sorriso torto, as lágrimas secas e o pedido de que tudo fique bem..❞


- marcosask -

último quarto


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

não importa o tempo

votos