❝...ontem, sábado, as estrelas que falamos em contar juntos começaram a esfriar, não dá para desenhar quando o meu céu esta sem cor. Olhar hoje para o infinito, não me leva há lugar algum, é um medo de dar conta que o último suspiro da vida esta morrendo. Te deixar ir foi como tropeçar em meus cadarços que sempre estão desamarrados, é cair em meus maiores temores, é beber o próprio sangue tentando fazer com que ele volte ao seu lugar com todas as suas propriedades. Ontem, quando estava frio e sem estrelas, voltei a sentir o cheiro dos cigarros imaginários que fumei, esperando que a fumaça chegue ao céu e incendei algum ponto e que eu o determine como o final, seria o limite que não posso ver, é a única sanidade que ainda me resta e está chegando ao fim, não quero mais me reconhecer quando isso acabar. As estrelas me corromperam, falou que estaríamos juntos, não vimos os dias passarem, não compreendemos quando começou a esfriar. Vi sem querer as cinzas, nomes que desconheço são uma nova galáxia que surge, me dou conta de deixar hoje qualquer pessoa entrar esperando que alguma delas fosse você. Não lembro mais do teu rosto, nome e manias, somente da lembrança de ter você contado estrelas comigo, incluindo todas que esquecemos de contar. Você que não sei mais quem é, faz parte de mim mais do que todos os novos sentidos, sei disso quando sinto alguma dor, ela é você. Você ainda está lá acumulada mas morrendo aos poucos. Todas as dores são lindas, como me lembro o quando era você, tão difícil de resistir, a morte é um pedido realizado a cada estrela cadente que vejo cair. Ontem, pela primeira vez, pedi para ter o que amar. 
O que você acha que acontece quando pessoas morrem? Quando uma estrela some ou quando as pessoas dizem que nunca vão partir e partem? Todos partem uma vez na vida, acho que até faço isso as vezes, já aconteceu antes, você sumiu de mim, acho que foi uma forma de viver para sempre na lembrança.
Você não imagina como esta sendo triste viver esse para sempre. 
É bem possível que as estrelas cadentes sejam suicidas, que trilham o seu próprio fim. Mas a minha estrela, que é tão sua, só esfria, não morre, todas caem, menos ela. Sinto muito, sinto como se estivesse esperado demais para terminar. Faço hoje muitas sofrerem, são constantes quedas, vivo num céu tão mais apertado, onde uma alma adolescente me enforcou me tirando o ar. Devia ter inventado um desejável infinito para você, falando e fazendo tudo ficar bem, foi o que sempre quis, te dizer, que esta tudo bem. Hoje, de todas as lágrimas, toda a solidão, luas, livros e estrelas, são devidamente contabilizadas para que eu não me perca mais no segredo que é a minha imensidão dessas contantes contradições. Meus segredos ainda são publicamente contados de maneira mais incompreensível que posso, somente para poucos ler e você compreender. Agora, cada estrela que cai, não faço mais um funeral, mas tenho plena consciência de que a culpa pela morte foi minha. 
Novamente te pergunto: Você sabe o que acontece depois da morte? 
Talvez eu escolha em te matar hoje, assim alguns dos seus desejos se tornarão realidade, talvez essa seja o real motivo, apenas morrer aqui, em mim. Sei que você tem a certeza do que existe aqui ainda é teu, não é de mais ninguém. Ainda não tenho coragem para te matar hoje, talvez nunca, acho que talvez, quando eu terminar de contar as estrelas. 
E sim, como sua resposta, seria ótimo que virássemos estrelas quando morrêssemos. Você é a minha estrela entre todas que devo futuramente ter, sabe disso. Meu medo é que você caia qualquer dia desses e não consiga mais se levantar. Ontem vi uma estrela suicida, não sei se foi você ou eu, não sei de verdade quem era, mas tudo bem.
Talvez esse tenha sido o sonho que não tive tempo de te falar durante aquela inquietante, dolorosa e silenciosa troca de palavras.
E eu? Bem, estou aqui contanto as estrelas, mais uma vez sozinho, esperando o dia começar...❞



- marcosask -



03-11-2014 13:06



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